A
entrevista foi realizada em Julho de 1987, alguns meses depois do primeiro
lançamento da Análise Astrológica Profunda. Enquanto algumas
das informações fornecidas por Alois Treindl referem-se
àquela época,
os anos 80, a maior parte das coisas que ele disse ainda são válidas,
sendo informações básicas interessantes.
Pergunta:
Desde Março de 1987, a Astrodienst Zurique vem oferecendo no mercado análises
astrológicas de desenvolvimento próprio. Qual a razão para essa iniciativa?
Alois Treindl:
O objetivo da astrologia é fazer inferências, através do mapa astral, sobre
a personalidade da pessoa e os assuntos problemáticos em sua vida. Há duas
maneiras para se conseguir isto: ou a pessoa mesmo estuda astrologia ou procura
uma pessoa , para quem a astrologia é utilizada como um meio adicional de
diagnóstico. Além deles, entretanto, existe um grupo maior de pessoas interessadas
no que a astrologia pode dizer a elas. Até então, nós não podíamos fazer
muito por essas pessoas a não ser encaminhá-las a uma consulta astrológica
ou a palestras e seminários. Para podermos disponibilizar algo para essas
pessoas nós desenvolvemos, em cooperação com um dos líderes mundiais em astrologia,
a Análise especialista nessa área. Até pouco tempo, a Astrodienst vinha oferecendo
seus serviços essencialmente para as pessoas envolvidas com astrologia. Há
muitas pessoas que estudam astrologia como um passatempo mas também há muitas
outras que trabalham com astrologia, por exemplo astrólogos e psicólogos,
médicos e curandeiros natos, para quem a astrologia é utilizada como um meio
adicional de diagnóstico. Além deles, entretanto, existe um grupo maior de
pessoas interessadas no que a astrologia pode dizer a elas. Até então, nós
não podíamos fazer muito por essas pessoas a não ser encaminhá-las a uma
consulta astrológica ou a palestras e seminários. Para podermos disponibilizar
algo para essas pessoas nós desenvolvemos, em cooperação com um dos líderes
mundiais em astrologia, a Análise Astrológica Profunda.
Pergunta:
Por que somente agora a Astrodienst desenvolveu um projeto assim? A necessidade
desse serviço deve ter existido há muito mais tempo.
A.T.:
Algumas empresas vinham oferecendo há algum tempo os chamados horóscopos por
computador, isto é, interpretações astrológicas feitas por computador. Os
métodos e as tecnologias computacionais que eles utilizam levam a resultados
os quais, a nosso ver, são um tanto quanto insatisfatórios. Consultas astrológicas
deveriam ser conduzidas com o mesmo sentido de responsabilidade que, por
exemplo, diagnósticos médicos ou consultas psicológicas com um conselheiro
matrimonial. Um astrólogo não deveria improvisar afirmações. Antes de aconselhar
as pessoas, um astrólogo sério geralmente estuda astrologia por muitos anos
e, espera-se, também interessa-se por psicologia, além de lidar com a questão
do que, na verdade, significa aconselhamento. Os astrólogos também precisam
de uma razoável experiência de vida. Ao implementar um programa computacional,
deve-se garantir que o programa possua tantas habilidades de um conselheiro
humano quanto for possível. Até pouco tempo, isso era impossível por motivos
técnicos. Nos últimos anos, entretanto, foram desenvolvidos métodos de Tecnologia
da Informação com o objetivo de imitar a capacidade de um expert através
de um computador. Essa área é geralmente denominada de "Inteligência Artificial",
apesar de que "sistemas baseados no conhecimento", "processamento do conhecimento" ou "sistemas
especialistas" seriam denominações mais apropriadas. O problema é ensinar
a um computador o conhecimento em uma certa área, de maneira que ele possa
exercer a função de um especialista. O computador pode oferecer soluções
a problemas específicos quando ele atinge esse nível de expertise. Nossa
tarefa, portanto, foi produzir interpretações astrológicas com o computador,
usando essa nova tecnologia.
Pergunta:
Qual é a diferença entre a nova análise astrológica da Astrodienst e outras
interpretações computacionais disponíveis?
A.T.:
Eu não gostaria de depreciar os outros serviços astrológicos, mas eu penso
que se pode dizer, qualitativamente falando, que estamos muito mais avançados.
Pergunta:
Os outros serviços astrológicos são baseados no "princípio do livro de receitas"?
A.T.:
O termo "princípio do livro de receitas" não conduz à diferença, porque afinal
nós também trabalhamos com blocos de texto, o que significa que a edição final
contém partes de texto pré-escrito. Entretanto, o mais importante é o contexto
interno desses blocos e como eles são avaliados no programa para efetuar uma
composição completa. Até então, poder-se-ia dizer que "livros de receitas"
estavam sendo usados: pegue um determinado texto para Marte em Escorpião, um
determinado texto para Marte na Segunda Casa, um determinado texto para Sol
em Peixes, um determinado texto para Sol na Sexta Casa, pegue um texto para
o aspecto entre Sol e Marte e então junte todas essas partes. Nenhum astrólogo
jamais trabalharia dessa forma, mas isso é exatamente o que os horóscopos por
computador faziam, até então. Por outro lado, o nosso programa tem um mecanismo
complexo para resolver problemas. Ele contém métodos especializados para solucionar
problemas, e nosso computador é capaz de aplicar estas habilidades. Se a comparação
não fosse tão perigosa, eu compararia esse método a um diagnóstico médico ou
psicológico. Nestas áreas,não se pode trabalhar com um método linear aditivo
direto, isto é, um método que olha isoladamente para fatores individuais para
depois sequenciá-los. Isso requer um especialista para reconhecer conexões
e padrões. A "Inteligência Artificial" permite que o computador
"veja" imagens, reconheça estruturas e encontre analogias ao longo de todo
o mapa astral. O programa trabalha com modelos psicológicos que ele colocou
na memória. Por esse aspecto, o método do programa pode ser comparado ao método
de um especialista humano: mais um método sintético do que analítico.
Pergunta:
Então o programa simula mais ou menos o procedimento de um astrólogo?
A.T.:
Quando um astrólogo olha para um mapa astral, isso significa mais para ele
do que uma simples compilação de várias configurações planetárias. Apesar
de conhecer os fatores individuais que constituem o mapa astral, ele também
vê referências e assuntos atuais. Ele reconhece fatores similares e opostos
que são proeminentes em várias configurações. Desta forma, o astrólogo pode
relacionar fatores a um outro fator ao qual eles não parecem estar conectados,
à primeira vista. Isso diferencia um especialista de um leigo usando apenas
um conceito fixo.
Pergunta:
Como um computador pode fazer isso? Ele não funciona por comando: se a situação
for essa, faça isso, e se for aquela, faça aquilo?
A.T.:
É exatamente isso que se tornou possível com as técnicas de programação de "sistemas
especialistas" ou Inteligência Artificial. O computador é alimentado com descrições
de assuntos desse tipo. No jargão computacional, isso chama-se "frames" ou
quadros.
Pergunta:
Quais são os objetivos dessas descrições?
A.T.:
Em primeiro lugar, devo esclarecer minha opinião sobre a alma humana ou mente.
Ela é baseada na perspectiva da psicologia junguiana. Não temos simplesmente
um único Ego, uma vontade consciente, cercada de um ambiente. Na verdade,
cada um de nós contém todo um conjunto de forças, de facetas. Elas são como
um grupo completo de figuras internas representando diferentes papéis e personalidades,
assim como personagens em uma dramatização. Cada pessoa tem algo similar
em sua própria dramatização individual de vida. Essas figuras diferem de
alguma maneira em cada pessoa. Sua cooperação e seus conflitos representam
o conflito interno de um ser humano que, muitas vezes, se revela na vida
da pessoa. Estas figuras internas se combinam para compor a minha pessoa
e o meu caráter. Algumas dessas figuras são conscientes. Por exemplo, eu
tenho consciência do meu lado racional que pensa analiticamente, porque eu
preciso dele para o meu trabalho, para a programação. Eu desfruto do meu
lado social com amigos. Meu lado da "joie de vivre" (alegria de viver) revela-se
quando preparo uma refeição e convido amigos para jantar. Através dessas
figuras conscientes, eu represento no âmbito da minha vida. Mas também há
figuras das quais eu não tenho consciência. Elas estão escondidas e emergem
apenas em determinadas situações, tais como crises que eu não posso determinar
quando elas virão à superfície. Por exemplo, eu poderia reagir agressivamente
a algo que irrita, sem que isso seja parte da minha personalidade normal.
Isso quer dizer que há algo em mim que pode ser agressivo e também destrutivo.
Essas várias figuras e suas apreciações individuais tornam-se visíveis em
um mapa astral. As figuras internas correspondem a certas configurações e
padrões na carta astral. Essa é a base sobre a qual a astrologia funciona.
Ao olhar para um mapa astral, reconhece-se algumas ênfases em configurações
planetárias, zodíacos, posições das casas, etc. Um astrólogo é capaz de interpretar
essas configurações e comentá-las tanto pelo lado consciente quanto pelo
lado inconsciente de uma pessoa. Essas figuras inconscientes podem criar
problemas na vida, ao emergir repentinamente. Mas há também figuras muito
positivas e criativas entre elas. Muitas vezes a pessoa não tem consciência
do seu potencial criativo. Ela nunca foi realmente capaz de desenvolvê-lo
porque esse potencial nunca foi resgatado do inconsciente. Assim, não se
pode descrever essas figuras nem como positivas nem como negativas. A biblioteca
de conhecimentos básicos do nosso programa de computador contém descrições
desse tipo de figuras internas e também descreve quais combinações astrológicas
estão relacionadas a tais figuras. Essa biblioteca contém também uma descrição
da relação entre as figuras individuais. Algumas delas formam pares apropriados
de contraste - por exemplo, há um individualista que não tem ilusões a respeito
do mundo e da humanidade, em oposição ao tipo social. Há também o tipo conservador,
paternal, opondo-se ao espírito juvenil, representando o conflito típico
do responsável e do excessivamente responsável. Existe, ainda, o contraste
do tipo sobriamente cínico com o tipo ou arquétipo romântico. Desse modo,
a biblioteca básica do programa contém descrições daqueles conflitos que
podem surgir através de forças antagônicas em um mapa astral. Porém, há também
descrições de relações entre as figuras. O tipo romântico, por exemplo, relaciona-se
à figura juvenil e aventureira, tendo traços similares, sob alguns aspectos.
Por outro lado, o individualista e o patriarca tradicional entendem-se bem,
de alguma forma; pelo menos eles não interferem um no outro.
Pergunta:
Essas figuras internas poderiam ser denominadas arquétipos?
A.T.:
Certamente. Os arquétipos representam as figuras básicas da mente humana. Eles
estão particularmente descritos na mitologia.
Pergunta:
Então o programa usa um conjunto de regras extensivas?
A.T.:
Eu não as chamaria de conjunto de regras, apesar das regras realmente contribuirem.
Seria mais preciso chamá-las de conjuntos de padrões. Isso é o principal.
Quando o mapa astral de alguém é oferecido ao programa para análise, ele
verifica toda a gama de figuras arquétipas e confere o quanto as combinações
astrológicas sugerem sua existência real nesse caso particular. Na verdade,
o programa verifica todos os tipos, mas faz escolhas e exclui inicialmente
certas figuras. Mas seria também muito complicado debater em detalhe o funcionamento
do programa. O programa confere se os padrões descritos existem no indivíduo
e o quanto são apropriados. Geralmente, ele encontra vários padrões assim
em um mapa astral, então ele tem que decidir quais desses padrões são os
mais importantes e como devem ser relacionados. Ao fazer isso, o programa
presta atenção especialmente àqueles padrões que são mais fortemente opostos.
O fato de que as oposições internas tornar-se-ão também uma manifestação
no mundo exterior é um importante conceito da psicologia do subconsciente.
Assim, tais pares opostos são de vital importância para a interpretação.
O programa verifica também as relações. Se, por exemplo, três padrões com
traços similares aparecem, contadas somente para oposto, é provável que um
traço de caráter do primeiro grupo se expresse em uma pessoa. A Sombra, entretanto,
é geralmente suprimida; ela não é visível à primeira vista na personalidade
desse indivíduo e, muitas vezes, permanece inconsciente até mesmo para a
pessoa em questão. Isso significa que os padrões reconhecidos equilibram-se
entre si. Deste modo, o computador decide quais os assuntos são mais importantes
para a pessoa cujo mapa está sendo analisado. Esses traços são, então, descritos.
É assim que se elabora a Análise Astrológica Profunda (Psychological Horoscope
Analysis).
Pergunta:
Como o programa determina o tipo psicológico retratado na primeira parte da
Análise Astrológica Profunda, no Capítulo II?
A.T.:
O Capítulo II da análise trata daquilo que C.G. Jung denominou os quatro tipos
psicológicos. Esses quatro tipos correspondem aos quatro elementos fogo,
água, terra e ar. O tipo intuitivo, cuja imaginação é fortemente desenvolvida
e o tipo sensual, fundamentalmente guiado pelas percepções sensuais, formam
um par. O segundo par é composto pelo tipo racional, o pensador, e a pessoa
emocional, cujas funções dominantes são o sentimento, a simpatia, etc. O
programa analisa a distribuição dos planetas nos vários elementos e infere
conclusões sobre o tipo psicológico. Muitas vezes, desequilíbrios são encontrados,
o que significa que um determinado elemento está representado apenas fracamente
ou não está representado. Isso chama-se função indiferenciada, mas uma outra
função será a mais forte. Ainda uma segunda função pode ser tão forte e,
portanto, deve também ser considerada. Liz Greene denomina tipo psicológico
o conjunto dentro do qual a dramatização psicológica acontece. Esse conjunto
no qual as figuras atuarão determina amplamente a atmosfera dos eventos.
Em um sensualista, as figuras internas que vivem mais na fantasia, removidas
e não ligadas à terra, terão dificuldades em expressar suas qualidades. Se
a função mental for enfatizada, as figuras internas mais direcionadas à emoção
não se sentirão desenvoltas. Portanto, deriva-se da primeira parte da análise
a determinação de quais figuras acharão fácil ou difícil desempenharem o
seu próprio papel, quais delas se expressarão abertamente e quais delas teriam
maior probabilidade de ficar à sombra. Essa determinação básica já revela
muito. Os quatro tipos básicos correspondem também aos quatro humores, o
melancólico, o colérico, o sangüíneo e o fleugmático, apesar desses termos
antigos não se aplicarem mais ao nosso modo moderno de pensar.
Pergunta:
Qual é a função da parte principal da análise?
A.T.:
Conforme já foi mencionado, a parte principal da análise, Capítulo III, determina
padrões astrológicos que correspondem a assuntos arquetípicos e os equilibra.
O computador decide, então, qual deles é o mais importante e é expresso de
maneira mais forte. De um certo modo, o computador procura os conflitos principais
na vida psíquica interior. Algumas vezes o programa até encontra dois ou
três temas principais.
Pergunta:
O programa pode sempre se decidir por um entre vários temas?
A.T.:
Isso não é sempre fácil. Na verdade, um astrólogo face à face com o cliente
poderia encontrar uma pista sobre qual figura eventualmente tornou-se predominante
na vida da pessoa em questão, ao observar sua aparência e o que diz. Em um
caso assim, o programa lista as descrições das figuras em oposição como igualmente
importantes. Ele descreve ambas as figuras, porque não sabemos qual delas
se tornou predominante na vida ou na fase momentânea da vida da pessoa em
questão. Mas é possível descrever esse par, oferecendo ao leitor acesso para
sua própria consciência.
Pergunta:
Qual é a diferença entre uma consulta psicológica e a leitura dessa análise
feita por computador?
A.T.:
Um astrólogo de formação jungiana abordará essa tarefa com instrumentos similares
e um método similar ao nosso programa. Entretanto, ele tem à sua disposição
uma fonte adicional vital de informação: o cliente à sua frente. Ele pode
fazer perguntas ao cliente, e isso é uma grande vantagem sobre o programa
de computador. Se ele achar que vários assuntos no mapa astral têm mais ou
menos igual importância, ele pode,- simplesmente ao perguntar aos clientes
- determinar quais os temas que eles escolhem para si,com qual dos dois lados
eles se identificam mais. Isso o programa de computador não pode fazer, mas,
basicamente, temas com a mesma importância acontecem raramente. Normalmente,
um tema prevalesce. O astrólogo também pode focar muito mais atentamente
naquilo que é abordado pelo cliente. O cliente quer saber algo que ele ainda
não sabe, e é por isso que ele procura o astrólogo. Assim, o astrólogo pode
se limitar a esses aspectos. Inevitavelmente, o texto do computador contém
muito mais informações. Ele não sabe onde o cliente está, o que ela ou ele
sabe, e o que mais gostaria de saber. Há pessoas que não têm muita consciência
de si mesmas. Elas sabem apenas muito pouco sobre suas próprias mentes. Outras
pessoas sabem bastante; talvez elas tenham sofrido várias crises e tenham
se encontrado em situações de dificuldade psicológica. Em uma consulta pessoal,
o foco é muito mais forte. É por isso que nosso texto é tão detalhado; em
um livro normal, isso levaria de 40 a 50 páginas, e várias horas são necessárias
para ler tudo isso exaustivamente.
Pergunta:
Esse texto do computador pode substituir uma consulta astrológica?
A.T.:
Deve-se considerar o que de fato acontece em uma consulta astrológica. Não
é uma situação na qual mero conhecimento é transmitido. Duas pessoas sentam-se
em uma sala. A empatia com a qual o astrólogo considera os problemas expostos
pelo cliente é importante. Um equipamento de tratamento não substitui uma
enfermeira, e, analogamente, um humano, um astrólogo simpático não pode ser
substituído por um computador.
Pergunta:
Você quer dizer que o astrólogo também tem uma função terapêutica, a qual o
computador não pode exercer?
A.T.:
O astrólogo é um ser humano, uma pessoa empática cuja tarefa é ajudar os outros.
Nem todo astrólogo se vê como um terapeuta, e nem todo cliente que visita
um astrólogo considera estar consultando um terapeuta. O astrólogo é um ser
humano, sensitivo e conselheiro, um auxiliar. Essa função humana não pode
ser exercida pelo computador, por uma máquina. Por outro lado, livros, como
por exemplo livros de psicologia sobre crises no casamento etc, escritos
por autores empáticos podem nos ajudar. Livros assim abordam muitas qualidades
humanas, porque atrás deles há um autor empático escrevendo a partir de sua
própria experiência de vida, seu conhecimento de especialista e sua experiência
em lidar com problemas assim. Um livro desse tipo não apenas guia em direção
ao conhecimento, mas também capacita o leitor a encontrar-se emocionalmente
na obra, a encontrar-se nos problemas dos outros, descritos no livro. A leitura
de um livro pode dar início a processos emocionais importantes. As mesmas
consideraçõs se aplicam à Análise Astrológica Profunda. Não se trata apenas
de um papel frio impresso por um frio computador. O autor introduz sua inteligência
emocional, suas capacidades empáticas no texto que só então é impresso pelo
computador. Afinal de contas, os textos não foram escritos pelo computador.
Eles foram criados por um psicoterapeuta e astrólogo extremamente experiente,
que escreveu livros de astrologia psicológica internacionalmente conhecidos.
Através de seu texto, muitas qualidades humanas são abordadas na análise.
Em oposição a um livro, entretanto, esses textos foram especificamente selecionados
para o leitor. Ao ler o livro, você encontra certos parágrafos que o tocam
particularmente, os quais ressoam dentro de você. Em um volume de psicologia
de cerca de 500 páginas, isso acontecerá apenas com relação a muitas poucas
passagens. É neste ponto que a Análise Astrológica Profunda difere. Como
os textos foram selecionados especificamente para o leitor através do processo
mencionado acima, ele encontrará praticamente apenas esses trechos do texto
que têm algum significado para ele e que lhe dizem algo de pessoal. Neste
sentido, a Análise Astrológica Profunda não foi feita por um computador.
Na verdade, inserimos partes das capacidades de um astrólogo em um modelo
computacional. Declarações e textos escritos por um astrólogo experiente
foram armazenados no computador e reproduzidos individualmente.
Pergunta:
Então o autor dos textos e do conhecimento astrológico é a peça-chave na realização
de uma Análise Astrológica Profunda?
A.T.:
A realização de um projeto como a Análise AstrológicaProfunda requer duas coisas:
por um lado, o perito com o conhecimento específico, responsável pelo texto,
e, por outro lado, o especialista em informática, o assim chamado engenheiro
do conhecimento. Seu trabalho é estruturar o conhecimento do perito e dar
forma ao conhecimento, de maneira que o computador possa compreendê-lo. É
somente através desse processo entre o perito e o especialista em computação
que um sistema especialista passa a existir. Ambos os lados são necessários.
Pergunta:
Quem é Liz Greene?
A.T.:
Liz Greene é astróloga e autora de destaque internacional na área de astrologia.
Ela é uma das figuras principais na psicologia da astrologia atual e na psicologia
moderna do subconsciente. Dra. Greene é psicóloga e psicanalista jungiana
formada em Londres. Ela trabalha tanto como psicanalista quanto como astróloga.
Suas atividades astrológicas incluem consultas e a redação de livros de astrologia,
mas ela também apresenta regularmente seminários sobre astrologia e dirige
uma escola de astrologia psicológica. Seus livros foram traduzidos para cerca
de dez idiomas. Além dos livros sobre astrologia, ela também escreveu dois
romances históricos e livros infantis. Com sua capacidade de escrever e sua
formação largamente desenvolvida em psicologia, ela se tornou a pessoa que
uniu a astrologia à psicologia jungiana. Não porque elas tivessem sido em
algum momento divididas: C. G. Jung sempre teve interesse em astrologia e
fazia mapas astrais para muitos de seus pacientes. Na verdade, sua filha
tinha que desenhá-los. Aliás, a Sra. Gret Baumann-Jung é uma das principais
astrólogas de Zurique, mas somente Liz Greene tornou esse campo acessível
para um público maior, interessado em psicologia. Isso deve-se também ao
seu estilo fluente de escrita; seus livros são cheios de vida e tornam a
leitura fascinante. Seu objetivo sempre foi transportar a astrologia de volta
para a psicologia. Antigamente, a astrologia era um sistema abrangente de
pensamento. Ela era conectada com todas as outras ciências, representando,
por assim dizer, a psicologia mais primitiva. Antigamente não havia ramo
específico da ciência que lidasse com a mente humana. A psicologia analítica
moderna de Freud desenvolveu-se muito racionalmente, na maior parte do tempo.
Ela advém de uma fonte diferente. Ela foi formada por uma imagem racional
e quase mecanicista do homem. Na psicologia de C.G. Jung, os lados mais profundos,
submersos da mente eram expressos e vinham à tona de maneira bastante legitimada.
Liz Greene considera sua tarefa traçar essas áreas submersas através de meios
astrológicos, tornando a astrologia acessível e aceitável para a psicologia
moderna. Ela tem uma base sólida em ambas as áreas e é, portanto, capaz de
uni-las.
Pergunta:
Essas análises podem ser utilizadas de maneira abusiva? Será que elas poderiam
ser até mesmo nocivas para algumas pessoas?
A.T.:
Paracelsius já disse que todo remédio é também venenoso. Tudo depende da dose.
O mesmo aplica-se ao material astrológico. A análise apresenta uma grande
quantidade de material psicológico. O texto mesmo não contém astrologia,
no que se refere aos planetas, casas e zodíacos. O texto trata de problemas
e assuntos psicológicos. Material psicológico pode ser também nocivo. Isso
acontece a toda pessoa jovem ao se interessar por psicologia: você compra
um livro sobre complexos de inferioridade, você lê esse livro e você fica
horrorizado ao achar que sofre dos mesmos complexos. Passa-se por uma fase
na qual encontra-se dentro de si todos aqueles lados obscuros descritos em
um livro de psicologia. Um livro desses pode devastar uma pessoa instável,
mas pode ser de grande valor nas mãos de alguém seriamente interessado na
busca de si mesmo. Antigamente, muitos livros eram proibidos pela Igreja
porque eram considerados nocivos para o público em geral. Além disso, não
se atribuia ao público comum a capacidade de lidar com esses livros. Esse
era, por exemplo, o caso de livros sobre a sexualidade. Os termos dano e
nocividade eram, portanto, agregados ao tema. Tudo o que lida com problemas
e conflitos na vida pode ser útil e auxiliar, principalmente porque se tornar
consciente dos problemas é sempre uma escolha melhor do que suprimir esses
problemas. Assim, deveríamos, de preferência, questionar a utilidade. Apesar
disso, quando se revela a uma pessoa próxima que ela tem adicionalmente um
complexo com o pai, essa pessoa poderia ficar profundamente deprimida. Na
medida do possível, todo texto psicológico, até mesmo um romance descrevendo
um determinado problema, pode ser simplesmente perigoso ou útil. Isso pode
induzir uma crise, mas a questão permanece, se uma crise em si é nociva.
Ela á útil, em si, porque denota uma mudança. A Análise Astrológica Profunda
tem o potencial de induzir crises. Ainda assim, não há diferença entre isso
e nenhuma outra coisa que funcione como um impulso para a mente. Os autores
têm muita consciência da responsabilidade relacionada a um produto desse
tipo. Não sabemos ao certo quem, na verdade, receberá a análise. Na maior
parte dos casos, serão pessoas interessadas em psicologia e astrologia, que
querem saber mais sobre elas próprias. Afirmamos claramente, no folheto informativo,
que a análise tratará de assuntos psicológicos de cada indivíduo. Não enviamos
a análise anonimamente a alguém que nunca a pediu. Nós presumimos que toda
pessoa que encomenda uma análise conosco sabe o que está encomendando, e
o que a espera. Os textos são desenvolvidos com um grande sentido de responsabilidade,
não pretendendo dizer a todas as pessoas que elas são uma multitude de complexos.
A idéia fundamental é que vale a pena trazer à tona muitas coisas submersas
no indivíduo - tesouros enterrados na mente ou no inconsciente. Uma vez na
superfície, essas coisas podem elevar a criatividade e a alegria de viver
de uma pessoa, porque a integração das diversas partes submersas de toda
uma personalidade significa aumentar a qualidade de vida. Quando uma pessoa
passa por um processo de integração, uma totalidade mais rica e uma personalidade
mais madura emergem. Estes lados criativos inconscientes são expressivamente
mostrados na análise. Isso não quer dizer que os lados obscuros sejam embelezados
- mas todo lado obscuro também tem um aspecto criativo. Tratar da agressividade,
por exemplo, não torna uma pessoa má, mas a torna inteira. Ainda assim, como
já disse, nada pode induzir uma crise. Essa é a razão pela qual anexamos
um formulário em cada análise, oferecendo às pessoas a oportunidade de reagir.
Achamos isso de importância vital. Não se "despeja" simplesmente alguma coisa
em cima do leitor. Estamos preparados para considerar cada leitor individualmente,
em uma extensão que depende de cada caso. Estamos muito interessados em receber
um retorno dos leitores. Isso também dá a eles a oportunidade de mandar um "SOS" e
se dirigir a nós. Se recebemos algum sinal de confusão e transtorno, não
deixamos isso assim. Nós consultamos o que foi retornado e lidamos apropriadamente
com o assunto.
Pergunta:
A análise é dirigida aos adultos. Pode ser feita uma análise para crianças?
A.T.:
A Análise Astrológica Profunda trata de problemas da vida adulta. Ela é prevista
como uma lição para a pessoa descrita no texto. A análise lida muito com
o lado inconsciente da mente. Portanto, não é particularmente útil fazer
uma análise sobre uma outra pessoa. É claro, pode ser interessante descobrir
o que isso revela sobre o chefe de alguém. Mas esse não é o objetivo. A análise
foi escrita para o adulto que gostaria de enfrentar a si próprio. Se a análise
não deve ser expandida no vazio, então a vida deve ter sido vivida, porque
senão não haveria problemas da vida para tratar. Para uma criança de dez
anos de idade, a análise significaria tão pouco quanto um livro de aconselhamento
matrimonial significaria para ela. É por isso que impõe-se uma idade limite
de 14 anos. É sempre difícil traçar delimitações precisas. Acreditamos que
as pessoas que atingem a maturidade deveriam ter acesso à análise. Se fizéssemos
a análise apenas para pessoas com mais de 20 anos de idade, estaríamos desconsiderando
todas aquelas brilhantes pessoas de dezessete ou quinze anos interessadas
em psicologia. Mas temos consciência do fato de que a delimitação de limites
de idade é sempre arbitrária.
Pergunta:
O que foi necessário para desenvolver o produto assim como ele está hoje?
A.T.:
Foram necessários dois peritos: o especialista que forneceu o conhecimento
especializado e escreveu os textos que eventualmente foram selecionados.
Por outro lado, foi preciso um especialista em computação, o engenheiro do
conhecimento, para estruturar esse conhecimento especializado e transformá-lo
dentro de um programa de computador. O processamento do conhecimento é um
campo novo. Não se pode comprar em toda parte métodos para estabelecer sistemas
especialistas. Não se trata de uma tecnologia de computação largamente difundida,
a qual todos os programadores conhecem. Não se pode simplesmente comprar
um sistema de processamento de conhecimento, no lugar de um sistema de processamento
de texto. Sistemas especialistas pertencem a um campo que está recém transitando
das universidades à prática. Um usuário que quer trabalhar com sistemas de
processamento do conhecimento tem que criar ele mesmo muitos programas e
ferramentas de programação. Ele poderia comprar computadores extremamente
especializados, construídos unicamente para Inteligência Artificial, mas
por um preço alto. Há quatro anos venho trabalhando na área da Inteligência
Artificial e adquiri experiência nesse campo. Aprendi as linguagens de programação
relevantes: primeiro a Lisp, na Universidade de Zurique, depois a linguagem
Prolog, na ETH. Eventualmente, decidimos fundamentar nosso projeto de sistema
astrológico especializado na linguagem Prolog. Essa é uma linguagem de programação
muito moderna, a qual foi criada especificamente para combinar logicamente
regras, afirmações e pensamento lógico. Há alguns anos atrás, os japoneses
optaram pela linguagem Prolog para seu conhecido Projeto Computacional de
Quinta Geração. Trata-se de um projeto combinado da indústria computacional
japonesa cujo objetivo é promover uma ruptura geral na Inteligência Artificial.
Em cerca de quatro anos foram criadas as técnicas básicas de programação
e as ferramentas de programa necessárias para modelar o programa. Um passo
importante foi reescrever a linguagem Prolog de programação para os computadores
à nossa disposição. Tivemos que desenvolver um compilador com linguagem especial
para nosso computador Hewlett-Packard. Tínhamos estreito contato com a ETH
de Zurique, onde um compilador Prolog estava sendo desenvolvido para os computadores
da ETH. Fiz contato com essas pessoas e, em cooperação com elas, desenhei
e desenvolvi a linguagem para adaptá-la aos nossos computadores. Este interpretador
de Prolog tornou-se um pacote do programa para computadores HP e encontra-se
atualmente à venda. É um produto colateral, digamos assim, do nosso desenvolvimento
atual. De 1983 até o final de 1985, trabalhamos nessas tarefas preliminares:
adquirir o know-how técnico e criar as ferramentas do software. Durante a
época que vai desde o final de 1985 até o início de 1987, trabalhamos na
realização atual do projeto: implementação do conhecimento básico, do programa
e dos textos para a produção da Análise Astrológica Profunda.
Pergunta:
Você é um especialista em computação, um astrólogo ou ambos?
A.T.:
Eu era, é claro, fundamentalmente o especialista em computaçãot.
Pergunta:
Qual é sua formação acadêmica?
A.T.:
Originalmente, estudei física. Depois da graduação, fiz doutorado em física
experimental do estado sólido na ETH de Zurique. Isso foi em 1981. Mas durante
todo o tempo eu estava muitíssimo interessado em computadores. Para mim,
a física era, muitas vezes, secundária, com relação aos problemas e ao uso
dos computadores. Mas, então, eu me interessei também por psicologia. Sempre
havia uma certa tensão entre o interesse psicológico por pessoas e a racionalidade,
interesse científico em física e computadores. Sempre houve dois lados em
mim que não se encaixavam. Em 1979, encontrei a astrologia. Foi uma experiência
muito intensa. A astrologia tem mais ou menos dois lados; é uma mistura de
um sistema associativo psicológico simbólico que se direciona dentro do campo
da irracionalidade, do que não pode ser concebido logicamente e causalmente.
Ao mesmo tempo, a astrologia confia na órbita precisamente calculada de planetas
que compreendem também o Sol e a Lua em seu sistema astrológico; portanto
a astrologia tem também um lado matematicamente correto. Na astrologia, ambos
esses lados são necessários. Um astrólogo precisa de um mapa precisamente
calculado para poder interpretá-lo psicologicamente.
Talvez seja por isso que eu fiquei fascinado com a astrologia desde o início.
Então eu comecei a ler livros sobre astrologia e a participar de seminários.
Transferi o cálculo de mapas astrais para os computadores, ferramentas com
as quais eu estava muito bem familiarizado, e, a partir desse lúdico começo,
a Astrodienst foi desenvolvida. Foi bastante cedo, em 1980. Naquela época,
eu fazia isso em paralelo ao meu trabalho no laboratório na ETH. À noite, eu
costumava desenvolver o programa para traçar os planetas e suas órbitas. Depois
de obter meu título de Doutorado, em 1981, trabalhei para a Astrodienst de
Zurique, no serviço de cálculo astrológico, e tornei isso minha atividade principal.
Esse serviço havia sido muito bem recebido. Apesar de dominar os métodos modernos
e avançados de programação, eu ajudei a aumentar o padrão qualitativo dos cálculos
astrológicos, da denotação gráfica, etc. Assim, estive lidando com a astrologia
por muitos anos, mas principalmente com aspectos técnicos, o cálculo. Eu sempre
soube que os simples cálculos não me satisfariam. Eu quis juntar e aproximar
esses mundos. Eu quis juntar o mundo computacional com esse lado psicológico
irracional que é tão difícil de estruturar. Eu sempre dei continuidade à minha
formação em tecnologia da informação e percebi muito rapidamente que, através
dos novos métodos de Inteligência Artificial, poderia-se conseguir equipar
a Análise Astrológica Profunda com computadores, de uma forma responsável -
não apenas unir determinadas unidades de texto de astrologia a um livro de
receitas, mas sim imitar o modelo de como um astrólogo olha para o o mapa astral.
Em seguida, eu fiquei cada vez mais envolvido com esse novo campo e aprendi
sobre os métodos de Inteligência Artificial, até que chegou a hora de iniciar
um projeto concreto. Isso foi, como já mencionado, em 1985. Enqüanto trabalhava
com a Liz Greene, implementando seu conhecimento em astrologia no computador,
eu intensifiquei meu envolvimento com a interpretação astrológica e aprendi
muito mais sobre astrologia. Não sou apenas um técnico realizando desinteressadamente
o design de um programa, longe disso. O processo de transferência de conhecimento
de um dos principais astrólogos a um computador desenvolveu-me como astrólogo.
Hoje, sou ao mesmo tempo um astrólogo e um especialista em computação. Recentemente,
eu mesmo comecei a dar consultas astrólogicas. Um programa de computador sempre
é limitado, enqüanto que uma consulta pessoal pode comunicar algo importante
para a pessoa em questão. Aprendi muito com meus próprios clientes, mas, é
claro, uma consulta custa muito mais do que uma análise computacional.
Pergunta:
Você está satisfeito com o produto, da maneira como ele está disponível agora?
A.T.:
Sim, eu estou muito satisfeito. E eu sou uma pessoa muito cética e autocrítica.
Eu poderia explicar isso a você a partir do meu mapa astral. Às vezes eu
posso ser até mesmo autocrítico demais. Eu hesito por muito tempo até encontrar
algo bom o suficiente que eu possa finalmente oferecer. Desse modo, durante
o desenvolvimento do programa, muitos amigos e também o trabalho psicoanalítico
me deram muito retorno. O programa foi testado intensivamente antes de ser
introduzido. Já naquela época recebemos muitas reações positivas. Não escrevemos
o conhecimento básico, simplesmente, mas sim testamos o programa várias vezes.
Nós nos dirigimos constantemente a um grande número de pessoas que conhecemos
muito bem e verificamos se os modelos estavam funcionando realmente bem.
Quisemos saber se o programa realmente encontrava os assuntos mais importantes
para essas pessoas ou não. Assim, nós sempre estivemos envolvidos em um processo
de aprendizagem, até hoje, ainda. Estou feliz, e até mesmo surpreso com o
que conseguimos. É claro, poderíamos continuar trabalhando por outros três
anos e tornar o programa ainda mais detalhado, mas eu acredito que o programa
atual está muito bom e seria pena não torná-lo disponível para os interessados.
E também deve-se considerar os custos: o desenvolvimento é muito caro e,
além disso, devemos aparecer no mercado em algum momento.
Pergunta:
Você planeja continuar desenvolvendo o programa ou adicionar análises similares?
A.T.:
Ambas as coisas. Não vemos de maneira nenhuma esse programa como definido.
Os métodos que o programa conduzem são muito bons, eles funcionam, e, neste
sentido, permanecerão. Entretanto, os conteúdos vão se tornar mais detalhados.
O retorno de nossos clientes permite-nos descobrir onde o programa tem menor
entendimento, onde ele pode ainda estar um pouco desigual, onde ele não se
expressa de modo suficientemente claro ou onde o material apresentado parece
incompreensível. Além de continuar desenvolvendo o programa existente, há,
naturalmente, outros assuntos importantes no aconselhamento astrológico,
como por exemplo, a inclusão da qualidade do tempo. Para isso, um mapa astral
não basta, porque é fixo. Movendo-nos ao longo do tempo, encontramos constantemente
algumas fases das quais alguns assuntos emergem e são particularmente intensos.
Deixamos outras fases para trás, e é assim que uma mudança acontece. Na astrologia,
há diversos métodos para descobrir quais assuntos são mais intensos no presente
ou serão intensos em um futuro próximo. Estamos pensando na introdução da
dimensão do tempo na análise astrológica. O outro assunto são os relacionamentos,
os relacionamentos com o parceiro ou parceira. Esse é um dos principais assuntos
nas consultas psicológicas e astrológicas: crises e conflitos nos relacionamentos
ou a falta de relacionamento. Essa é uma área em que a astrologia pode realizar
muitas coisas. A astrologia é capaz não somente de olhar para uma pessoa,
mas também de justapor duas pessoas e ver como a questão do relacionamento
revela-se nos mapas astrais dos dois indivíduos e quais interações existem.
Esse assunto é mencionado na Análise Astrológica Profunda, mas não é a questão
principal e a análise não olha para ambos os parceiros.
Pergunta:
A Análise Astrológica Profunda também contém previsões?
A.T.:
Ela certamente não contém previsões no sentido comum de "cuidado com as finanças
durante este mês!". Nós não tratamos nem um pouco da astrologia nesse nível.
Entretanto, a crença básica é que o caráter de uma pessoa é sua sorte. Isso
significa que seja lá o que existe em mim como um conflito, isso será sempre
expresso de novo em minha vida. As coisas que suprimi, em especial, vão me
confrontar do lado de fora. Isso está ligado a mecanismos de projeção etc.
Há algo como a sabedoria do destino e da vida. Parece ser uma tarefa para a
vida toda enfrentar as tarefas e os conflitos que foram determinados no momento
do nascimento de uma pessoa. Se eu não olhar para dentro de mim mesmo e enfrentar
esses conflitos, depois eu encontrarei esses conflitos externamente. Neste
sentido, a descrição de um caráter, de algo dentro de mim, também aponta em
direção das coisas que podem me confrontar externamente. Quanto mais uma pessoa
é inconsciente, menos ela enfrentou a si própria, e o mais provável é que a
vida vai confrontá-la bastante brutalmente no lado de fora. Portanto, além
disso, cada descrição dos assuntos da vida de um indivíduo é e ao mesmo tempo
não é, de uma certa forma, uma predição, porque se pode evitar se conscientizar
desse conflito externamente, ao lidar conscientemente com ele. Há um tipo de "antifeitiço" que
ocorre quando se enfrenta seus conflitos e complexos interiores. Assim, o processo
de conscientização transforma-se em liberação, uma redenção do destino. Isso
pode soar um pouco presunçoso, mas é exatamente o que a psicanálise faz: a
introspecção redime a pessoa de um destino que, de outra forma, apareceria
externamente ou internamente através do corpo. Esse é o segredo da psicossomática.
Portanto, não se pode separar a predição da análise do caráter. Entretanto,
nós não fazemos as previsões, em um sentido mais estrito da palavra, do que
acontecerá, quando e como. E não se pode fazer isso, exatamente porque tratar
conscientemente de um assunto pode invalidar o destino, tornando isso desnecessário
para algo que vai acontecer.
Pergunta:
Percebi que a análise fala muito dos pais, que ela até mesmo arrisca fazer
afirmações sobre a relação dos pais. Como isto é possível?
A.T.:
Na verdade, estas são duas questões. Uma é: como isso é possível? E a outra:
por que fazemos isso? Deve-se perguntar o que os pais significam, psicologicamente.
Os pais não são apenas pessoas externas, com quem você vive quando criança,
que cozinham para você e o educam. Os pais têm, na verdade, um papel quase
superdimensional na psicologia, especialmente na psicologia do subconsciente.
Os pais são a primeira experiência de uma criança com aspectos masculinos
e femininos. A mãe é a primeira mulher que se conhece. O pai, ou o homem
que desempenha o papel da trajetória masculina de um filho é o arquétipo
masculino que se depara com o filho. Na psicologia de Jung, fala-se de Animus
e Anima, os lados interiores masculino e feminino de cada indivíduo. No homem,
o lado Animus pode estar em um nível mais consciente, enqüanto o lado Anima
está em um nivel mais insconsciente, e vice-versa na mulher, apesar de isso
nem sempre ser tão óbvio. Entretanto, a figura dos pais sempre se refere
a estes lados interiores. Eles, digamos assim, atuam como o tipo modelo para
o meu lado masculino interior ou para o meu lado feminino interior. Isso
significa que o meu lado feminino interior relaciona-se a como é a minha
mãe. Meu lado masculino interior relaciona-se a como meu pai é. Não necessariamente
como meu pai é exteriormente; ele também tem um lado inconsciente. Minha
mãe, da mesma forma, tem um lado inconsciente, o qual poderia não ser plenamente
expresso em sua vida, mas do qual uma criança, inconscientemente, tem grande
consciência. Da mesma forma que o mapa astral retrata meus aspectos psíquicos
principais, ele também revela o Animus e a Anima. Isso retrata meus arquétipos
masculino e feminino, os quais, é claro, têm muito a ver com a figura dos
pais, que eram, afinal de contas, os primeiros modelos. Observações na astrologia
prática revelaram que os pais podem ser representados nos horóscopos do filho.
Não necessariamente sua porção exterior; na verdade, um dos pais pode muito
bem ter estado ausente, mas o mapa astral do filho contém a figura paterna
ainda assim, independentemente de ser o uma carta astral de uma mulher ou
de um homem. A partir de um mapa astral, pode-se aprender muito sobre a figura
dos pais e como ela refletiu na mente de um filho, e isso é de grande importância
para mim. Afinal de contas, os pais tiveram o primeiro papel de modelo de
relacionamento. A experiência que tive com os meus pais molda minha capacidade
de principiar relacionamentos, minha capacidade de lidar com conflitos. O
enfrentamento de seus pais, tais como eles estão representados no mapa astral,
permite o acesso a um nível vital dos problemas e conflitos dentro de uma
pessoa.
Pergunta:
Quais são os critérios que o programa usa para fazer afirmações sobre relacionamentos?
A.T.:
Por um lado, empregamos interpretações astrológicas tradicionais, tais como
a Sétima Casa, a posição de Vênus, etc. Por outro lado, com base em um conceito
psicológico, acreditamos que uma pessoa muitas vezes gostaria de ver seus
lados inconscientes refletidos em seus parceiros. Você poderia chamar isso
de projeção. O assunto dos relacionamentos está, portanto, estreitamente
ligado à parte principal da análise que descreve as figuras principais de
um caráter.
Pergunta:
Você pretende compreender totalmente a pessoa descrita pelo programa?
A.T.:
Pretendemos retratar os assuntos na vida da pessoa descrita e, assim, as encorajamos
a enfrentarem a si próprias. Quanto mais conscientemente as pessoas lidam
com seus problemas, mais elas elucidam a descrição do programa. Por outro
lado, são exatamente essas pessoas que, geralmente, se dão conta que a descrição
se dirige aos aspectos principais de suas personalidades. Em nosso programa,
nós não clamamos compreender totalmente uma pessoa. Isso seria presunçoso
e arrogante. Felizmente, até mesmo um computador pode errar.
Pergunta:
Qual é o objetivo dessa Análise Astrológica Profunda?
A.T.:
Acreditamos que a análise ajudará o leitor a tornar-se mais consciente dos
assuntos temáticos em sua vida e, assim, aprender a lidar com eles mais conscientemente.
Isso pode ser um auxílio real na vida. A ausência de consciência significa
a redenção do destino de uma pessoa.
Mais informação da Análise Astrológica Profunda
Traduzido por Suzana Marc

